Lisboa
- Gonçalo Rodrigues, filho de Simão Rodrigues
e Constança Gonçalves (casou em Gomide, a 20.5.1569, com Luiza Marinha, filha
de Estevão Gonçalves e Micia Fernandes, Nª Sª Martires, Lisboa, celebrou o
Padre Martim Dias, abade de Gomide, deu licença o cura da dita igreja)
- Antonio de Barros, filho de Gonçalo Pires e
Violante Rodrigues, falecida (casou em Gomide, a 23.8.1573, com Lionor da
Costa, filha de João Alvares e Maria Vicente, S. Justa de Lisboa ou S. Vicente,
dei licença ao cura dela para a celebração, passei os banhos, Padre Martim
Dias, abade, T. Thome Afonso, filho de Cecilia Fernandes, Rui Francisco, filho
de Francisco Afonso, Manoel Dias, meu criado e Pedro, filho de Martha
Fernandes)
- Francisco de Araujo, filho de Francisco
Gonçalves e Maria Alvares, mosteiro de Odivelas, termo de Lisboa (casou em
Gomide, a 29.4.1583, com Catherina de Barros, filha de Gonçalo Pires e Violante
Rodrigues, moradores nesta, T. Afonso Pires, Rui Pires, Francisco Rodrigues,
todos desta, passeis banhos, dou licença ao cura da dita igreja para o
casamento, Padre Martim Dias, abade)
- Gregorio Gonçalves, filho de Antonio
Gonçalves e Cecilia Fernandes, desta (casou em Gomide, a 2.2.1591, com Domingas
Fernandes, filha de Luis Alvares e Maria Fernandes, falecida, S. Vicente de
Fora, Lisboa, corri os banhos e pregões, 1º no 1 e 2 Domingo de Janeiro, 2º 3º
Domingo de Janeiro e 3º e 4º, T. todos os fregueses dos banhos, Antonio Dias,
meu sobrinho, estudante e Gonçalo Pires, Antonio Afonso, dou licença ao ilustre
Prior para o casamento, Padre Martim Dias, abade)
- Jacome Baptista Castelo, Santa Catherina do
Monte Sinai, Lisboa, filho de João Baptista Castelo e Maria Catherina, Génova
‘Itália’ (casou em Prado, S. Maria, a 3.3.1728, com Maria Correia de Macedo,
filha de Luis Correia e Maria de Prado, falecidos, desta vila, T. Paulo da
Silva de Almeida, desta vila, Domingos Luis, Manoel de Sousa, desta, Padre
Bartholomeo Alvares, reitor)
- Antonio Rodrigues, filho de João Rodrigues
e Isabel Gonçalves, picoto (casou na igreja de Misericórdia de Lisboa, em Este,
S. Pedro, a 28.5.1730, com Domingas Francisca, filha de Alexandre Martins e
Costodia Fernandes, novainho, todos desta ‘por uma esmola que deu a dita casa
para o efeito’, sendo ela assistente em Lisboa na casa do Conde de Santiago,
Bairro Alto, Nª Sª da Encarnação, lembrança com melhores elementos no livro de
casamentos dessa igreja, assento feito em 10.7.1730, Padre Braz Cadima de
Oliveira, abade)
- Lourenço Castelo, filho de João Bautista Castelo e
Maria Catherina, falecida, Lisboa (casou em Merelim, Sampaio, a 25.8.1735, com
Gracia Maria, filha de Francisco da Costa e Martha Gomes, desta, T. Padre
Inacio Peixoto, Antonio Joseph, solteiro, Manoel, solteiro, Boaventura Correia,
Gonçalo Coelho, todos desta, Padre Calisto de Macedo, reitor)
- Dr. Bernardo Joseph
Pereira, filho do desembargador Manoel Alvares Pereira, Cavaleiro Professo da
Ordem de Cristo e deputado da Mesa da Consciência, Leiria e Dª Maria de Faria e
Andrade, Lisboa, natural da vila de Tentugal, Coimbra (casou em, Nogueira,
Braga, a 4.10.1738, com Dª Mariana Thereza Pereira, assistente em Santiago de
Cividade, filha de Domingos Pereira e Angela da Silva, todos de Arial de Paços,
S. Victor, Braga, T. Joseph Vieira e filhos Eusebio Antonio Vieira e Miguel
Vieira, todos da rua dos Pelames, Cividade, celebrou o Padre Francisco Vieira,
de licença do abade, morador na rua das Conegas, sem minha assistencia Padre
Domingos Duarte, cura)
- Mathias de Saa e Azevedo, tenente de
cavallos, filho de Mathias de Saa e Hieronima de Gouveia, falecidos (casou em
Fiscal, Amares, a 14.5.1739, com Dª Michaela Maria de Briz, filha de João
Leitam Barreto e Dª Clara Maria Lobo, falecidos, Alcanta, Santos, Lisboa, com
procuraão ao irmão Francisco de Saa Vasconcelos, T. Padre Domingos Afonso de Oliveira,
João da Silva, Domingos Bernardes, Costodio Pereira, pedreiro, S. Vicente,
Braga, todos de Fiscal, Padre o abade anterior)
- Manoel Vieira, Lisboa (casou em Sampaio de Vila
Verde, a 13.6.1641, com Geralda da Silva, desta, T. António de Amorim e seu irmão
Padre Francisco de Amorim, cura em Lago, António de Abreu, Santa Eulália de
Vila Verde, Padre Domingos Lopes, cura)
- Manoel João, filho de Domingos João e Maria Antunes
(casou em Vilar da Veiga, S. Antonio, a 17.5.1745, com Francisca de Oliveira,
filha de João de Oliveira, falecido e Luiza Maria, moradores em Lisboa, T.
Padre Costodio Antunes de Araujo, Padre Domingos Pires, Dr. Verissimo de Campos
Torres e Costodio Ribeiro, todos desta, Padre Domingos de Araujo e Azevedo,
cura)
- Joseph Vicente, filho de António Vicente e Maria de
Jesus, natural Assunpção, vila de Atalaia, Lisboa (casou em Sampaio de Vila
Verde, a 12.4.1747, com Ilena Maria de Araújo, filha de Maria Carvalho,
solteira, falecida, desta e Joseph Francisco, Santa Eulália de Ruivos, Ponte da
Barca, T. Manoel de Barros Sousa e Alvim, António da Costa, Manoel Correia,
Costodio Rodrigues, todos desta, celebrou o Padre João Alvares de Oliveira,
abade de Geme, nesta igreja, o Padre Joseph de Araújo e Silva, abade)
- Francisco Jose da Cunha, 32 anos, natural Pena, Lisboa, filho de Domingos
Jose da Cunha, Prozelo e Josefa Rosa de Macedo, Carrazedo (casou em em Dornelas,
S. Salvador, a 3.7.1871, com Carolina Rosa Vieira, 25 anos, filha de João Vieira, Dornelas e Dorotheia
Rosa, S. Martinho de Soengas, Lanhoso, T. Jose Carlos Pereira de Sousa Azevedo
e Antonio Jose da Silva Barriga, viuvo, Padre Antonio de Sousa, coadjutor)
- Lucio Ferreira da Silva, 24 anos, criado de servir, natural de S. Isabel,
Lisboa e morador em Palmeira, Braga, filho de Jose Maria Ferreira da Silva e
Antonia Maria da Silva, Lisboa (casou em Amares, S. Salvador, a 5.4.1906, com Maria
Lima das Necessidades, 25
anos, criada de servir, exposta em Sampaio de Pousada, Braga e moradora nesta,
T. João Maria Gonçalves, solteiro, proprietario, eirado e Carlos Augusto
Vieira, casado, sapateiro, granja, ambos Amares, Padre Manoel Jose Dias de Sá,
abade)
[Lucio
Ferreira da Silva, falecido em 25.1.1954]
Breve Historia das Freguesias de Lisboa
A Paróquia ou Freguesia Eclesiástica
Das instituições destinadas ao exercício do culto tem o primeiro e
principal lugar a freguesia ou paróquia
(eclesiástica).
Nos tempos mais
antigos, à circunscrição territorial, da cidade ou do campo, em que viviam
indivíduos todos sujeitos espiritualmente à mesma autoridade eclesiástica,
pároco, pastor ou sura, chamava-secollação (do latim collatio).
A
circunscrição territorial ou distrito da colação tinha a sua sede num templo ou
igreja matriz.
Mais tarde passaram a denominar, e ainda hoje chamam, parrochia ou parochia (paróquia), tanto a igreja
matriz ou sede paroquial, como a sua circunscrição territorial ou colação.
Com
o mesmo significado, e simultaneamente, usou-se e usa-se a expressão freguesia, aplicada tanto ao distrito territorial, como à
igreja matriz; aos moradores da freguesia dá-se indiferentemente a designação
de paroquianos ou de fregueses.
Antes da reconquista Cristã da cidade em 1147
Nos dois ou três primeiros séculos da era cristã, durante a dominação
romana, o cristianismo teve grande expansão na Península Ibérica, como se
infere das perseguições movidas pelos imperadores romanos, do martírio de
vários prelados, e da assistência de muitos bispos em vários concílios
celebrados em terras da Península.
Foi em Lisboa muito violenta a perseguição
aos cristãos no tempo do imperador romano Diocleciano, sendo tradição corrente
que nessa época (ano 307) foram martirizados em Lisboa os irmãos Verissimo,
Máxima e Júlia, patronos da igreja de Santos-o-Velho.
Não nos ficou, porém,
noticia alguma de prelados da igreja lisbonense durante o período do domínio
sarraceno, mas é natural que os houvesse, como sucedia noutras terras de
Portugal sujeitas aquele domínio (Beja, Braga, Coimbra, Lamego, Porto,
Viseu).
Da conquista Cristã até ao fim do Século XIV
Tomada Lisboa, foi por D. Afonso Henriques investido nas funções de
prelado do novo ou restabelecido bispado, um sacerdote inglês D. Gilberto, que
vinha na armada com os cruzados.
Não há documentos dessa época que nos digam
que igrejas paroquiais existiam na cidade conquistada, mas sabe-se que D.
Gilberto fundou, dois templos, que foram respectivamente as sedes ou os
predecessores das paróquias dos Mártires e de S. Vicente e ainda, segundo o
arcebispo D. Rodrigo da Cunha, a de Santa Justa. Outros autores atribuem ainda
ao reinado de D. Afonso Henriques a criação da freguesia de Stª Maria Maior no
templo da Sé (em 1170?).
Passados 17 anos sobre a conquista, um documento
menciona a existência da freguesia de Stªa Maria Madalena (1164) e S. Pedro (de
Alfama) em 1191.
Um documento que existia em 1668 no cartório do Convento de
S. Vicente-de-Fora, e referente a um sínodo realizado em 1191 pelo bispo D.
Soeiro Anes, na Sé Catedral de Lisboa, menciona como existentes nesse ano as
seguintes 6 igrejas colegiadas, sedes de freguesias:
a) Extra-muros da cerca moura:
1. - S. Vicente;
2. - Nª Sª dos Mártires;
3. - Santa Justa.
b) Intra-muros da cerca moura:
1. - Santa Cruz da Alcáçovas;
2. - S. Bartholomeo;
3. - S. Martinho;
4. - S. Jorge.
Verifica-se assim que no final do século XII, havia em Lisboa, com maior
probalidade, subordinadas ao bispado de Lisboa, as seguintes 10 freguesias:
1. - S. Vicente;
2. - Nª Sª dos Mártires;
3. - Santa Justa;
4. - Santa Maria da Sé;
5. - Santa Maria Madalena;
6. - Santa Cruz do Castelo;
7. - S. Bartholomeo;
8. - S. Martinho;
9. - S. Jorge;
10. - S. Pedro (de Alfama).
No Arquivo Nacional da Torre do Tombo guarda-se um pergaminho datado da
era 1247, (anos de Cristo 1209 ou 1229), reinados de D. Afonso II ou D. Sancho
II, que além das atrás citadas 10 freguesias paroquiais de Lisboa e arrabaldes,
menciona mais as 13 seguintes:
1. - S. Julião;
2. - Santa Marinha do Outeiro;
3. - S. Lourenço;
4. - S. Nicolau;
5. - S. André;
6. - S. Estevão;
7. - S. Miguel;
8. - Santa Maria de Alcamim (S. Cristovão);
9. - S. Mamede;
10. - S. João (Baptista ou da Praça);
11. - S. Tomé (do Penedo);
12. - S. Jacob (S. Tiago);
13. - S. Salvador (da Mata)
Destas 23 freguesias três, Mártires, Santa Justa e Santo Estevão, possuíam
extensissimas áreas, cujos limites confinavam com freguesias do Termo de
Lisboa.
Encravados entre as freguesias, havia em Lisboa alguns tratos de
território isentos da jurisdição eclesiástica. Eram as judiarias ou bairros israelitas e a mouraria. Quando em 1496, acabou a sua existência política,
foram os primeiros distribuídos pelas freguesias limítrofes, e o último
incorporado na de Santa Justa, onde estava encravado.
Durante mais de três
séculos a estrutura paroquial da cidade manteve-se estacionária, conforme nos
dá conta Cristóvão Rodrigues de Oliveira, no seu Summário começado a elaborar em 1551, dá notícia de 24 freguesias: as 23 já existentes
mais a do Loreto acabada de criar
nesse ano.
Se supusermos que a criação das 23 freguesias se efectuou com um ritmo
muito rápido, durante o primeiro século depois da conquista, como se poderá
explicar que durante os 3 séculos seguintes essa cadencia tivesse desaparecido,
não havendo necessidade de criação de novas freguesias, apesar de o povoado se
ter expandido muito para além das primitivas muralhas, e de a população haver
aumentado consideravelmente?
Provavelmente a resposta estará no facto de muitas dessas 23
freguesias, já existirem desde há muito tempo, como consequência do processo
lento e gradual do aumento da população cristã, p
or isso as datas que os
escritores, citam como sendo as das fundações das igrejas paroquiais
mencionadas, são colhidas em documentos autênticos, provam simplesmente que
tais igrejas já existiam nessas datas.
Meado e 2ª metade do século XVI
Durante o século XV não consta que se tenha dado qualquer modificação
paroquial da cidade, com excepção da que resultou da extinção das comunas
judaicas e da mouraria, a que já nos referimos.
A urbanização continuou a
alargar-se para além do núcleo constituido pela população das zonas limitadas
pela cerca fernandina; mas foi principalmente depois do começo do século XVI,
quando as conquistas, a navegação e o comércio com o oriente trouxeram para o
Reino riquezas e comodidades da vida então ainda não sonhadas – que tiveram
como consequência natural o aumento da população de Lisboa – que originou a
necessidade de criação de novas freguesias.
Foram principalmente as extensas
paróquias periféricas da cidade, Nª Sª dos Mártires, Santa Justa e Santo
Estevão, que, por desdobramento sucessivos, forneceram o maior numero de
freguesias criadas no meado e na 2ª metade do século XVI.
As freguesias então criadas foram 12:
1. - Nª Sª do Loreto (depois Nª Sª Encarnação);
2. - Nª Sª da Ajuda;
3. - Santa Catarina (do Monte Sinai);
4. - Anjos;
5. - Santa Ana (depois Nª Sª da Pena);
6. - S. Paulo;
7. - Santos-o-Velho;
8. - S. José (de entre as hortas);
9. - Nª Sª da Conceição (depois Conceição Nova);
10. - Santa Engrácia;
11. - Trindade (depois Santíssimo Sacramento);
12. - S. Sebastião (da Mouraria, depois Nª Sª do Socorro).
É como podemos ver nesta altura, mais precisamente em 20 de Novembro de 1567, destacada da freguesia de Santa Justa, que é criada
a Freguesia de S. José.
Neste período de 155 anos são criadas apenas 3 freguesias:
1. - S. Sebastião da Pedreira;
2. - Nª Sª das Mercês;
3. - Santa Isabel Rainha de Portugal.
De referir que a freguesia de Stª Isabel Rainha de Portugal, tem a sua
origem no desmembramento das freguesias de Santos, S. Sebastião da Pedreira,
Stª Catarina e S. José, em 15 de Maio de 1741.
2ª metade do século XVIII
Desmoronadas muitas casas, confundidos os limites paroquiais da cidade
Baixa pelo terramoto de 1755, e reedificada em seguida a cidade segundo novo
plano regular, tornou-se necessário proceder a uma nova distribuição e
delimitação das freguesias, o que foi feito em 8 de Abril de 1770.
Quase todas as paróquias que permaneceram no seu local primitivo
sofreram, modificação nos limites dos seus distritos.
Criaram-se pelo mesmo tempo as três seguintes freguesias:
1. - Nª Sª da Lapa;
2. - Santa Joana (depois Coração de Jesus);
3. - Senhor Jesus da Boa Morte.
Em 22 de Janeiro de 1780, sob proposta do Cardeal Patriarca, uma nova
distribuição de paróquias foi aprovada e confirmada pelo alvará régio de 19 de
Abril de 1780. Esta divisão é a que fundamentalmente ainda está em vigor.
No século XIX
Em 28 de Dezembro de 1833 criou-se a primeira freguesia sem invocação
religiosa, que foi a de Belém.
Por portaria de 26 de Outubro de 1835, foi
permitido ao bispo da diocese anexar paróquias, nos termos do direito
canónico.
As anexações foram as seguintes:
1. - Santa Marinha a Santo André (31 de Maio 1835)
2. - Salvador a S. Tomé (17 Outubro de 1836)
3.
- S. Martinho a S. Tiago (17 Outubro de 1836)
Estes agrupamentos e o adicionamento da freguesia de Belém, fixou em 38
o numero de freguesias existentes nos meados do século XIX.
Mais tarde anexaram-se:
1. - Salvador e S.Tomé a S. Vicente (1 Fevereiro 1856)
2.
- S. João da Praça a Sta Maria Maior ou Sé (24 de Dezembro 1885)
3. - S. Lourenço a S. Cristovão (16 de Junho de 1886)
Em 18 de Julho de 1885, foram incorporadas no território do município
algumas freguesias, ou partes de freguesias, que nessa época pertenciam aos
Concelhos de Belém e dos Olivais:
1. - S. Pedro de Alcântara;
2. - Nª Sª da Ajuda;
3. - Nª Sª de Belém;
4. - Benfica;
5. - Carnide;
6. - S. Bartholomeo do Beato;
7. - Charneca;
8. – Ameixoeira;
9. - Lumiar;
10. – Olivais;
11. - Campo Grande.
O território do município de Lisboa foi de novo ampliado em 22 de Junho
de 1886, acrescentando-lhe 2 freguesias do concelho dos Olivais – Sacavém e Camarate - que foram no entanto desanexadas em 20 de Setembro de 1895, passando
então para o concelho de Loures.
Vê-se que Lisboa contava, no fim do século
XIX, 42 freguesias.
No Século XX
Neste século, em consequência da urbanização de terrenos e campos ao
norte e ao poente do núcleo de maior densidade populacional, onde se
construíram novos e amplos bairros servidos por belas avenidas, originou-se a
necessidade de novas paróquias, que foram criadas com territórios destacados de
outras que, pela sua vastidão e população, já não podiam satisfazer às
conveniências de administração dos Sacramentos, e à comodidade dos seus
fregueses.
Segundo o código Administrativo de 31 de Dezembro de 1940, o
concelho de Lisboa dividia-se administrativamente em 43 freguesias,
distribuídas por 4 bairros.
Pelo Decreto-Lei nº 42142 de 17 de Fevereiro de
1959, a cidade de Lisboa passou a estar dividida nas actuais 53 freguesias.
Fonte: As Freguesias de Lisboa, por Augusto Vieira
da Silva, CML 1943
Freguesia da CONCEIÇÃO (ou Conceição Nova)
A rua Nova do Almada, que começa na
Rua de São Julião no número 23, e termina na Rua Garrett no número 1, foi
aberta em 1665, para resolver problemas de circulação. Isso mesmo nos diz o
"Mercurio Português" (Maio de 1665), jornal de notícias de então, no
seguinte artigo: "e porque o cuidado da guerra [da Restauração] não
embaraça o do Governo político, em 13 deste mês se começou, em Lisboa, a abrir
uma formosa Rua, de 30 a 35 palmos de largura, que começa na Rua da Calcetaria
e sai ao Espirito Santo, muito convenientemente para formosura e serventia do
Bairro Baixo para o Alto da cidade e sobe tão invisível, e sensivelmente, que
quase parece que tudo fica plano. Por esta razão, há muitos anos que era
desejada e se intentou. Nunca se conseguiu porque era necessário comprar, e
derrubar muitas casas que, naquele lugar, faziam vários becos estreitos,
conforme a fábrica antiga das cidades. Pode-se conseguir, com a resolução que
tomou Rui Fernandes de Almada, que entrou a ser presidente do Senado da Câmara,
e por memória, ao autor da obra tão útil, quis o Senado que a Rua ficasse com o
seu nome e se chama a rua Nova do Almada".
À semelhança das outras ruas
do Chiado, também esta artéria foi conhecida pelas suas magnificas lojas de que
se destacavam o "Eduardo Martins", a "Casa Batalha" e a
"Pastelaria Ferrari", desaparecidas aquando do incêndio de Agosto de
1988.
Até aos anos 50, do século
XX, também ali esteve a Igreja da Conceição Nova, construída em 1698 e
restaurada depois do Terramoto de 1755. O arquitecto da reconstrução foi
Remígio Francisco de Abreu. Possuía um interior revestido de mármores, e tecto
de madeira com pinturas de Pedro Alexandrino. O templo foi adquirido pela Caixa
Geral de Depósitos à Irmandade do Santíssimo, celebrando-se a escritura em 28
de Dezembro de 1950, foi demolida para dar lugar ao prédio neopombalino daquela
instituição bancária.
Freguesias: São Nicolau (números pares) e Mártires (números impares)
Freguesia de BENFICA
Sobre a origem do nome
"Benfica" existem diversas versões de duvidosa veracidade. Fernão
Lopes ‘(Lisboa entre 1380 e 1390 - Lisboa cerca de 1460) foi
guarda-mor da Torre do Tombo, tabelião geral do reino e cronista dos reis de
Portugal D. João I, D. Duarte e do infante D. Fernando’, na sua Crónica de el-rei D.
Pedro (Capítulo IX) descreve assim a origem do termo:
"…Maria Rousada, mulher
casada com seu marido, que dormira com ela por força antes de a receber por
mulher, ao que então chamavam, "Rousar" e depois "Forçar"
(estuprar) por a qual cousa ele merecia morte se ela lhe não perdoasse. E tendo
já dela filhos, viviam ambos muito contentes, e em grande bem querença e
ouvindo-a El-Rey chamar por tal nome, perguntou porque lho chamavam? E soube da
sorte como tudo fora, e que se avieram que casassem ambos por tal feito não vir
mais a público. El-Rey por cumprir justiça mandou-o logo enforcar, e ia a
mulher e os filhos carpindo atrás dele com grande lastimança, mas não lhe
valeu. (Dizem que isto sucedeu no Termo de Lisboa, no Lugar de Bemfica, e que
dizendo os que acompanhavam El-Rey, que a mulher ficava mal, respondeu El-Rey: Bem
fica, e casando-a depois com outro lhe deu com que passar; e que
celebrando-se a acção del Rey ficara este nome ao Lugar, que dantes tinha
outro, porque as palavras dos Príncipes, ditas com discrição, ficam em
Provérbios, e quase em Leis, e Ordenações."
A julgar pela fidedignidade do cronista, será
esta a origem do nome "Benfica"
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