sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A sul do rio Douro - Lisboa

Lisboa

- Gonçalo Rodrigues, filho de Simão Rodrigues e Constança Gonçalves (casou em Gomide, a 20.5.1569, com Luiza Marinha, filha de Estevão Gonçalves e Micia Fernandes, Nª Sª Martires, Lisboa, celebrou o Padre Martim Dias, abade de Gomide, deu licença o cura da dita igreja)
- Antonio de Barros, filho de Gonçalo Pires e Violante Rodrigues, falecida (casou em Gomide, a 23.8.1573, com Lionor da Costa, filha de João Alvares e Maria Vicente, S. Justa de Lisboa ou S. Vicente, dei licença ao cura dela para a celebração, passei os banhos, Padre Martim Dias, abade, T. Thome Afonso, filho de Cecilia Fernandes, Rui Francisco, filho de Francisco Afonso, Manoel Dias, meu criado e Pedro, filho de Martha Fernandes)
- Francisco de Araujo, filho de Francisco Gonçalves e Maria Alvares, mosteiro de Odivelas, termo de Lisboa (casou em Gomide, a 29.4.1583, com Catherina de Barros, filha de Gonçalo Pires e Violante Rodrigues, moradores nesta, T. Afonso Pires, Rui Pires, Francisco Rodrigues, todos desta, passeis banhos, dou licença ao cura da dita igreja para o casamento, Padre Martim Dias, abade)
- Gregorio Gonçalves, filho de Antonio Gonçalves e Cecilia Fernandes, desta (casou em Gomide, a 2.2.1591, com Domingas Fernandes, filha de Luis Alvares e Maria Fernandes, falecida, S. Vicente de Fora, Lisboa, corri os banhos e pregões, 1º no 1 e 2 Domingo de Janeiro, 2º 3º Domingo de Janeiro e 3º e 4º, T. todos os fregueses dos banhos, Antonio Dias, meu sobrinho, estudante e Gonçalo Pires, Antonio Afonso, dou licença ao ilustre Prior para o casamento, Padre Martim Dias, abade)
- Jacome Baptista Castelo, Santa Catherina do Monte Sinai, Lisboa, filho de João Baptista Castelo e Maria Catherina, Génova ‘Itália’ (casou em Prado, S. Maria, a 3.3.1728, com Maria Correia de Macedo, filha de Luis Correia e Maria de Prado, falecidos, desta vila, T. Paulo da Silva de Almeida, desta vila, Domingos Luis, Manoel de Sousa, desta, Padre Bartholomeo Alvares, reitor)
- Antonio Rodrigues, filho de João Rodrigues e Isabel Gonçalves, picoto (casou na igreja de Misericórdia de Lisboa, em Este, S. Pedro, a 28.5.1730, com Domingas Francisca, filha de Alexandre Martins e Costodia Fernandes, novainho, todos desta ‘por uma esmola que deu a dita casa para o efeito’, sendo ela assistente em Lisboa na casa do Conde de Santiago, Bairro Alto, Nª Sª da Encarnação, lembrança com melhores elementos no livro de casamentos dessa igreja, assento feito em 10.7.1730, Padre Braz Cadima de Oliveira, abade)
- Lourenço Castelo, filho de João Bautista Castelo e Maria Catherina, falecida, Lisboa (casou em Merelim, Sampaio, a 25.8.1735, com Gracia Maria, filha de Francisco da Costa e Martha Gomes, desta, T. Padre Inacio Peixoto, Antonio Joseph, solteiro, Manoel, solteiro, Boaventura Correia, Gonçalo Coelho, todos desta, Padre Calisto de Macedo, reitor)
- Dr. Bernardo Joseph Pereira, filho do desembargador Manoel Alvares Pereira, Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo e deputado da Mesa da Consciência, Leiria e Dª Maria de Faria e Andrade, Lisboa, natural da vila de Tentugal, Coimbra (casou em, Nogueira, Braga, a 4.10.1738, com Dª Mariana Thereza Pereira, assistente em Santiago de Cividade, filha de Domingos Pereira e Angela da Silva, todos de Arial de Paços, S. Victor, Braga, T. Joseph Vieira e filhos Eusebio Antonio Vieira e Miguel Vieira, todos da rua dos Pelames, Cividade, celebrou o Padre Francisco Vieira, de licença do abade, morador na rua das Conegas, sem minha assistencia Padre Domingos Duarte, cura)
- Mathias de Saa e Azevedo, tenente de cavallos, filho de Mathias de Saa e Hieronima de Gouveia, falecidos (casou em Fiscal, Amares, a 14.5.1739, com Dª Michaela Maria de Briz, filha de João Leitam Barreto e Dª Clara Maria Lobo, falecidos, Alcanta, Santos, Lisboa, com procuraão ao irmão Francisco de Saa Vasconcelos, T. Padre Domingos Afonso de Oliveira, João da Silva, Domingos Bernardes, Costodio Pereira, pedreiro, S. Vicente, Braga, todos de Fiscal, Padre o abade anterior)
- Manoel Vieira, Lisboa (casou em Sampaio de Vila Verde, a 13.6.1641, com Geralda da Silva, desta, T. António de Amorim e seu irmão Padre Francisco de Amorim, cura em Lago, António de Abreu, Santa Eulália de Vila Verde, Padre Domingos Lopes, cura)
- Manoel João, filho de Domingos João e Maria Antunes (casou em Vilar da Veiga, S. Antonio, a 17.5.1745, com Francisca de Oliveira, filha de João de Oliveira, falecido e Luiza Maria, moradores em Lisboa, T. Padre Costodio Antunes de Araujo, Padre Domingos Pires, Dr. Verissimo de Campos Torres e Costodio Ribeiro, todos desta, Padre Domingos de Araujo e Azevedo, cura)
- Joseph Vicente, filho de António Vicente e Maria de Jesus, natural Assunpção, vila de Atalaia, Lisboa (casou em Sampaio de Vila Verde, a 12.4.1747, com Ilena Maria de Araújo, filha de Maria Carvalho, solteira, falecida, desta e Joseph Francisco, Santa Eulália de Ruivos, Ponte da Barca, T. Manoel de Barros Sousa e Alvim, António da Costa, Manoel Correia, Costodio Rodrigues, todos desta, celebrou o Padre João Alvares de Oliveira, abade de Geme, nesta igreja, o Padre Joseph de Araújo e Silva, abade)
- Francisco Jose da Cunha, 32 anos, natural Pena, Lisboa, filho de Domingos Jose da Cunha, Prozelo e Josefa Rosa de Macedo, Carrazedo (casou em em Dornelas, S. Salvador, a 3.7.1871, com Carolina Rosa Vieira, 25 anos, filha de João Vieira, Dornelas e Dorotheia Rosa, S. Martinho de Soengas, Lanhoso, T. Jose Carlos Pereira de Sousa Azevedo e Antonio Jose da Silva Barriga, viuvo, Padre Antonio de Sousa, coadjutor)
- Lucio Ferreira da Silva, 24 anos, criado de servir, natural de S. Isabel, Lisboa e morador em Palmeira, Braga, filho de Jose Maria Ferreira da Silva e Antonia Maria da Silva, Lisboa (casou em Amares, S. Salvador, a 5.4.1906, com Maria Lima das Necessidades, 25 anos, criada de servir, exposta em Sampaio de Pousada, Braga e moradora nesta, T. João Maria Gonçalves, solteiro, proprietario, eirado e Carlos Augusto Vieira, casado, sapateiro, granja, ambos Amares, Padre Manoel Jose Dias de Sá, abade)
[Lucio Ferreira da Silva, falecido em 25.1.1954]

Breve Historia das Freguesias de Lisboa

A Paróquia ou Freguesia Eclesiástica
Das instituições destinadas ao exercício do culto tem o primeiro e principal lugar a freguesia ou paróquia (eclesiástica). 
Nos tempos mais antigos, à circunscrição territorial, da cidade ou do campo, em que viviam indivíduos todos sujeitos espiritualmente à mesma autoridade eclesiástica, pároco, pastor ou sura, chamava-secollação (do latim collatio).
 A circunscrição territorial ou distrito da colação tinha a sua sede num templo ou igreja matriz. 
Mais tarde passaram a denominar, e ainda hoje chamam, parrochia ou parochia (paróquia), tanto a igreja matriz ou sede paroquial, como a sua circunscrição territorial ou colação.
 Com o mesmo significado, e simultaneamente, usou-se e usa-se a expressão freguesia, aplicada tanto ao distrito territorial, como à igreja matriz; aos moradores da freguesia dá-se indiferentemente a designação de paroquianos ou de fregueses.



Antes da reconquista Cristã da cidade em 1147
Nos dois ou três primeiros séculos da era cristã, durante a dominação romana, o cristianismo teve grande expansão na Península Ibérica, como se infere das perseguições movidas pelos imperadores romanos, do martírio de vários prelados, e da assistência de muitos bispos em vários concílios celebrados em terras da Península.
 Foi em Lisboa muito violenta a perseguição aos cristãos no tempo do imperador romano Diocleciano, sendo tradição corrente que nessa época (ano 307) foram martirizados em Lisboa os irmãos Verissimo, Máxima e Júlia, patronos da igreja de Santos-o-Velho.
 Não nos ficou, porém, noticia alguma de prelados da igreja lisbonense durante o período do domínio sarraceno, mas é natural que os houvesse, como sucedia noutras terras de Portugal sujeitas aquele domínio (Beja, Braga, Coimbra, Lamego, Porto, Viseu).



Da conquista Cristã até ao fim do Século XIV

Tomada Lisboa, foi por D. Afonso Henriques investido nas funções de prelado do novo ou restabelecido bispado, um sacerdote inglês D. Gilberto, que vinha na armada com os cruzados. 
Não há documentos dessa época que nos digam que igrejas paroquiais existiam na cidade conquistada, mas sabe-se que D. Gilberto fundou, dois templos, que foram respectivamente as sedes ou os predecessores das paróquias dos Mártires e de S. Vicente e ainda, segundo o arcebispo D. Rodrigo da Cunha, a de Santa Justa. Outros autores atribuem ainda ao reinado de D. Afonso Henriques a criação da freguesia de Stª Maria Maior no templo da Sé (em 1170?).
 Passados 17 anos sobre a conquista, um documento menciona a existência da freguesia de Stªa Maria Madalena (1164) e S. Pedro (de Alfama) em 1191.
 Um documento que existia em 1668 no cartório do Convento de S. Vicente-de-Fora, e referente a um sínodo realizado em 1191 pelo bispo D. Soeiro Anes, na Sé Catedral de Lisboa, menciona como existentes nesse ano as seguintes 6 igrejas colegiadas, sedes de freguesias:
a) Extra-muros da cerca moura:
1. - S. Vicente;
2. - Nª Sª dos Mártires;
3. - Santa Justa.
b) Intra-muros da cerca moura:
1. - Santa Cruz da Alcáçovas;
2. - S. Bartholomeo;
3. - S. Martinho;
4. - S. Jorge.
Verifica-se assim que no final do século XII, havia em Lisboa, com maior probalidade, subordinadas ao bispado de Lisboa, as seguintes 10 freguesias:
1. - S. Vicente;
2. - Nª Sª dos Mártires;
3. - Santa Justa;
4. - Santa Maria da Sé;
5. - Santa Maria Madalena;
6. - Santa Cruz do Castelo;
7. - S. Bartholomeo;
8. - S. Martinho;
9. - S. Jorge;
10. - S. Pedro (de Alfama).
No Arquivo Nacional da Torre do Tombo guarda-se um pergaminho datado da era 1247, (anos de Cristo 1209 ou 1229), reinados de D. Afonso II ou D. Sancho II, que além das atrás citadas 10 freguesias paroquiais de Lisboa e arrabaldes, menciona mais as 13 seguintes:
1. - S. Julião;
2. - Santa Marinha do Outeiro;
3. - S. Lourenço;
4. - S. Nicolau;
5. - S. André;
6. - S. Estevão;
7. - S. Miguel;
8. - Santa Maria de Alcamim (S. Cristovão);
9. - S. Mamede;
10. - S. João (Baptista ou da Praça);
11. - S. Tomé (do Penedo);
12. - S. Jacob (S. Tiago);
13. - S. Salvador (da Mata)
Destas 23 freguesias três, Mártires, Santa Justa e Santo Estevão, possuíam extensissimas áreas, cujos limites confinavam com freguesias do Termo de Lisboa.

Encravados entre as freguesias, havia em Lisboa alguns tratos de território isentos da jurisdição eclesiástica. Eram as judiarias ou bairros israelitas e a mouraria. Quando em 1496, acabou a sua existência política, foram os primeiros distribuídos pelas freguesias limítrofes, e o último incorporado na de Santa Justa, onde estava encravado.
 Durante mais de três séculos a estrutura paroquial da cidade manteve-se estacionária, conforme nos dá conta Cristóvão Rodrigues de Oliveira, no seu Summário começado a elaborar em 1551, dá notícia de 24 freguesias: as 23 já existentes mais a do Loreto acabada de criar nesse ano.

Se supusermos que a criação das 23 freguesias se efectuou com um ritmo muito rápido, durante o primeiro século depois da conquista, como se poderá explicar que durante os 3 séculos seguintes essa cadencia tivesse desaparecido, não havendo necessidade de criação de novas freguesias, apesar de o povoado se ter expandido muito para além das primitivas muralhas, e de a população haver aumentado consideravelmente?

Provavelmente a resposta estará no facto de muitas dessas 23 freguesias, já existirem desde há muito tempo, como consequência do processo lento e gradual do aumento da população cristã, p
or isso as datas que os escritores, citam como sendo as das fundações das igrejas paroquiais mencionadas, são colhidas em documentos autênticos, provam simplesmente que tais igrejas já existiam nessas datas.

Meado e 2ª metade do século XVI
Durante o século XV não consta que se tenha dado qualquer modificação paroquial da cidade, com excepção da que resultou da extinção das comunas judaicas e da mouraria, a que já nos referimos.
 A urbanização continuou a alargar-se para além do núcleo constituido pela população das zonas limitadas pela cerca fernandina; mas foi principalmente depois do começo do século XVI, quando as conquistas, a navegação e o comércio com o oriente trouxeram para o Reino riquezas e comodidades da vida então ainda não sonhadas – que tiveram como consequência natural o aumento da população de Lisboa – que originou a necessidade de criação de novas freguesias.
 Foram principalmente as extensas paróquias periféricas da cidade, Nª Sª dos Mártires, Santa Justa e Santo Estevão, que, por desdobramento sucessivos, forneceram o maior numero de freguesias criadas no meado e na 2ª metade do século XVI.

As freguesias então criadas foram 12:
1. - Nª Sª do Loreto (depois Nª Sª Encarnação);
2. - Nª Sª da Ajuda;
3. - Santa Catarina (do Monte Sinai);
4. - Anjos;
5. - Santa Ana (depois Nª Sª da Pena);
6. - S. Paulo;
7. - Santos-o-Velho;
8. - S. José (de entre as hortas);
9. - Nª Sª da Conceição (depois Conceição Nova);
10. - Santa Engrácia;
11. - Trindade (depois Santíssimo Sacramento);
12. - S. Sebastião (da Mouraria, depois Nª Sª do Socorro).
É como podemos ver nesta altura, mais precisamente em 20 de Novembro de 1567, destacada da freguesia de Santa Justa, que é criada a Freguesia de S. José.

Neste período de 155 anos são criadas apenas 3 freguesias:
1. - S. Sebastião da Pedreira;
2. - Nª Sª das Mercês;
3. - Santa Isabel Rainha de Portugal.
De referir que a freguesia de Stª Isabel Rainha de Portugal, tem a sua origem no desmembramento das freguesias de Santos, S. Sebastião da Pedreira, Stª Catarina e S. José, em 15 de Maio de 1741.

2ª metade do século XVIII
Desmoronadas muitas casas, confundidos os limites paroquiais da cidade Baixa pelo terramoto de 1755, e reedificada em seguida a cidade segundo novo plano regular, tornou-se necessário proceder a uma nova distribuição e delimitação das freguesias, o que foi feito em 8 de Abril de 1770.
Quase todas as paróquias que permaneceram no seu local primitivo sofreram, modificação nos limites dos seus distritos.
Criaram-se pelo mesmo tempo as três seguintes freguesias:
1. - Nª Sª da Lapa;
2. - Santa Joana (depois Coração de Jesus);
3. - Senhor Jesus da Boa Morte.
Em 22 de Janeiro de 1780, sob proposta do Cardeal Patriarca, uma nova distribuição de paróquias foi aprovada e confirmada pelo alvará régio de 19 de Abril de 1780. Esta divisão é a que fundamentalmente ainda está em vigor.

No século XIX
Em 28 de Dezembro de 1833 criou-se a primeira freguesia sem invocação religiosa, que foi a de Belém.
 Por portaria de 26 de Outubro de 1835, foi permitido ao bispo da diocese anexar paróquias, nos termos do direito canónico.
 As anexações foram as seguintes:

1. - Santa Marinha a Santo André (31 de Maio 1835)

2. - Salvador a S. Tomé (17 Outubro de 1836)
3. 
- S. Martinho a S. Tiago (17 Outubro de 1836)

Estes agrupamentos e o adicionamento da freguesia de Belém, fixou em 38 o numero de freguesias existentes nos meados do século XIX.

Mais tarde anexaram-se:

1. - Salvador e S.Tomé a S. Vicente (1 Fevereiro 1856)
2. 
- S. João da Praça a Sta Maria Maior ou Sé (24 de Dezembro 1885)

3. - S. Lourenço a S. Cristovão (16 de Junho de 1886)

Em 18 de Julho de 1885, foram incorporadas no território do município algumas freguesias, ou partes de freguesias, que nessa época pertenciam aos Concelhos de Belém e dos Olivais:
1. - S. Pedro de Alcântara;
2. - Nª Sª da Ajuda;
3. - Nª Sª de Belém;
4. - Benfica;
5. - Carnide;
6. - S. Bartholomeo do Beato;
7. - Charneca;
8. – Ameixoeira;
9. - Lumiar;
10. – Olivais;
11. - Campo Grande.
O território do município de Lisboa foi de novo ampliado em 22 de Junho de 1886, acrescentando-lhe 2 freguesias do concelho dos Olivais – Sacavém e Camarate - que foram no entanto desanexadas em 20 de Setembro de 1895, passando então para o concelho de Loures.
 Vê-se que Lisboa contava, no fim do século XIX, 42 freguesias.



No Século XX

Neste século, em consequência da urbanização de terrenos e campos ao norte e ao poente do núcleo de maior densidade populacional, onde se construíram novos e amplos bairros servidos por belas avenidas, originou-se a necessidade de novas paróquias, que foram criadas com territórios destacados de outras que, pela sua vastidão e população, já não podiam satisfazer às conveniências de administração dos Sacramentos, e à comodidade dos seus fregueses.
 Segundo o código Administrativo de 31 de Dezembro de 1940, o concelho de Lisboa dividia-se administrativamente em 43 freguesias, distribuídas por 4 bairros.
 Pelo Decreto-Lei nº 42142 de 17 de Fevereiro de 1959, a cidade de Lisboa passou a estar dividida nas actuais 53 freguesias.


Fonte: As Freguesias de Lisboa, por Augusto Vieira da Silva, CML 1943

Freguesia da CONCEIÇÃO (ou Conceição Nova)
A rua Nova do Almada, que começa na Rua de São Julião no número 23, e termina na Rua Garrett no número 1,  foi aberta em 1665, para resolver problemas de circulação. Isso mesmo nos diz o "Mercurio Português" (Maio de 1665), jornal de notícias de então, no seguinte artigo: "e porque o cuidado da guerra [da Restauração] não embaraça o do Governo político, em 13 deste mês se começou, em Lisboa, a abrir uma formosa Rua, de 30 a 35 palmos de largura, que começa na Rua da Calcetaria e sai ao Espirito Santo, muito convenientemente para formosura e serventia do Bairro Baixo para o Alto da cidade e sobe tão invisível, e sensivelmente, que quase parece que tudo fica plano. Por esta razão, há muitos anos que era desejada e se intentou. Nunca se conseguiu porque era necessário comprar, e derrubar muitas casas que, naquele lugar, faziam vários becos estreitos, conforme a fábrica antiga das cidades. Pode-se conseguir, com a resolução que tomou Rui Fernandes de Almada, que entrou a ser presidente do Senado da Câmara, e por memória, ao autor da obra tão útil, quis o Senado que a Rua ficasse com o seu nome e se chama a rua Nova do Almada".
À semelhança das outras ruas do Chiado, também esta artéria foi conhecida pelas suas magnificas lojas de que se destacavam o "Eduardo Martins", a "Casa Batalha" e a "Pastelaria Ferrari", desaparecidas aquando do incêndio de Agosto de 1988. 
Até aos anos 50, do século XX, também ali esteve a Igreja da Conceição Nova, construída em 1698 e restaurada depois do Terramoto de 1755. O arquitecto da reconstrução foi Remígio Francisco de Abreu. Possuía um interior revestido de mármores, e tecto de madeira com pinturas de Pedro Alexandrino. O templo foi adquirido pela Caixa Geral de Depósitos à Irmandade do Santíssimo, celebrando-se a escritura em 28 de Dezembro de 1950, foi demolida para dar lugar ao prédio neopombalino daquela instituição bancária. 
Freguesias: São Nicolau (números pares) e Mártires (números impares)

Freguesia de BENFICA
Sobre a origem do nome "Benfica" existem diversas versões de duvidosa veracidade. Fernão Lopes ‘(Lisboa entre 1380 e 1390 - Lisboa cerca de 1460) foi guarda-mor da Torre do Tombo, tabelião geral do reino e cronista dos reis de Portugal D. João I, D. Duarte e do infante D. Fernando’, na sua Crónica de el-rei D. Pedro (Capítulo IX) descreve assim a origem do termo:
"…Maria Rousada, mulher casada com seu marido, que dormira com ela por força antes de a receber por mulher, ao que então chamavam, "Rousar" e depois "Forçar" (estuprar) por a qual cousa ele merecia morte se ela lhe não perdoasse. E tendo já dela filhos, viviam ambos muito contentes, e em grande bem querença e ouvindo-a El-Rey chamar por tal nome, perguntou porque lho chamavam? E soube da sorte como tudo fora, e que se avieram que casassem ambos por tal feito não vir mais a público. El-Rey por cumprir justiça mandou-o logo enforcar, e ia a mulher e os filhos carpindo atrás dele com grande lastimança, mas não lhe valeu. (Dizem que isto sucedeu no Termo de Lisboa, no Lugar de Bemfica, e que dizendo os que acompanhavam El-Rey, que a mulher ficava mal, respondeu El-Rey: Bem fica, e casando-a depois com outro lhe deu com que passar; e que celebrando-se a acção del Rey ficara este nome ao Lugar, que dantes tinha outro, porque as palavras dos Príncipes, ditas com discrição, ficam em Provérbios, e quase em Leis, e Ordenações."
A julgar pela fidedignidade do cronista, será esta a origem do nome "Benfica"


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